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O que é a consciência?

Atualizado: 18 de jun. de 2023

"Consciência é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como subjetividade, autoconsciência, sapiência e a capacidade de perceber a relação entre si e o ambiente real. É um assunto muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, religião, neurologia e ciência cognitiva."



"Alguns filósofos dividem consciência em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita, e consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência (Block, 2004)."


"Consciência fenomenal é o estado de estar ciente, tal como quando dizemos "estou ciente" (desperto) e consciência de acesso se refere a estar ciente de algo ou alguma coisa, tal como quando dizemos "estou ciente destas palavras".


"Consciência é uma qualidade de ordem psíquica. Isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte desse processo."


Então, deixando um pouco de lado a "rebuscação" do termo consciência e usando uma abordagem mais usual e prática, que é o que nos interessa, quero provocar, aqui, uma primeira reflexão sobre os efeitos e geradores da consciência que produzem os seguintes insights que tentaremos desenvolver:

  1. Sensação, sentimento, compreensão, lucidez ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos do seu mundo interior e das circunstâncias a sua volta;.

  2. O sentido ou a percepção que o ser humano possui do que é ética e moralmente correto ou equivocado, verdadeiro ou falso, bom ou ruim em relação às suas ações diante da imposição da realidade;

  3. Compreensão maior sobre como a natureza influencia o comportamento vital do ser humano e de que forma seja possível postergar a iminência da morte.

Certamente não nos detemos no dia-a-dia em descobrir como a consciência se estabelece. Pois a praticamos, em linhas gerais, da mesma maneira que respiramos. Não pensamos sobre como é a biomecânica da respiração enquanto respiramos, apenas respiramos. A consciência atua da mesma maneira. Então, quando medito sobre a natureza das bases físicas da consciência geralmente me vem um profundo estranhamento a mente. Pois não importa aonde eu vá ou o quanto sigo vasculhando minha mente, não consigo estabelecer a ela - a consciência, um princípio espacial, um local seguro dentro da compreensão limitada que tenho do mundo sobre onde, possivelmente, ela realmente esteja.


De fato, não há portos para ancorar a nossa consciência no tempo ou no espaço. na mente ou no cérebro, no corpo físico ou no espírito. Buscar racionalmente esse templo sagrado e físico da consciência é algo que, pelo menos pra mim, se tornou impossível de fazer. Creio hoje, portanto, que ela esteja ancorada única e "fisicamente" em minha ignorância intelectual e que, talvez, não haja realmente um local físico para reverenciá-la. Então, fica a grande pergunta: Onde está a consciência? Ninguém sabe. E isto é um fato!


Agora, quanto aos geradores da consciência podemos, sim, compreender o princípio e a continuidade crescente do conhecimento a partir da observação de nossa própria experiência na vida sob a luz da realidade. A consciência, como sabemos, abarca toda a compreensão de mundo que temos. Ela nos dá o norte sobre segurança e perigo. Sobre como fazer o que é preciso e o que deve ser evitado. A consciência, quando manifestada adequadamente, define escolhas mais assertivas na vida e minimiza prejuízos de todos os tipos. A questão é: Em qual nível de consciência estou neste momento da vida?


  1. Se eu apenas vivo seguindo o fluxo dos meus impulsos, desejos e anseios. Se não mensuro resultados e não consigo prever cenários possíveis. Me submeto atordoadamente aos bons prazeres do mundo. Acredito que a vida se resume ao corpo físico, apenas, e tudo o que esse corpo pode usufruir e desfrutar. Ou seja, vivo como se estivesse ou desejasse estar de férias o tempo todo - que divertido é isto, não? Neste nível de consciência a vida só pode ser vivida sob o aspecto do caos sem consequências. E o mais curioso é que esse caos se apresenta como o ápice da vida, do êxtase da própria motivação de estar vivo. Porém, se houver um pouco de disposição e atenção nos fatos e resultados desse tipo de vida se percebe, com certa facilidade, que é apenas uma articulação muito bem elaborada das afáveis e sedutoras ilusões que contaminam o discernimento do indivíduo sobre o que seja adequado, alegrador e valoroso na vida que vale a pena. E posso dizer sem a menor cerimônia que uma vida assim, para aqueles que a tem, está perfeitamente ajustada ao tipo de vida que esse indivíduo decidiu cultivar. Pra ele não há projeções ou possibilidades conscientes de transcendência na vida. Há uma ideia sobre isso, apenas - a transcendência sem grandes comprometimentos. E, acredite, está tudo bem. Contudo, neste nível de consciência não adianta reclamar dos resultados de escolhas mal feitas. Pois elas continuarão a se repetir enquanto não houver uma decisão e esforço intelectual verdadeiro de crescer, evoluir, transcender diante da vida primitiva. Afinal, como costumo dizer: As escolhas que fazemos definem a vida que levamos.

  2. Mas há um estímulo, uma vontade, um comichão quase que inconsciente que motiva algumas pessoas à transcendência. A buscarem algo acima das meras existências físicas e sabiamente finitas. Algo que elas não sabem explicar ou definir numa primeira reflexão e que levará algum tempo até poderem faze-la. Esse desejo à transcendência é o reflexo da busca pela verdade existencial. Pela vida interior. É o questionamento sobre a própria vida e para qual propósito essa vida se estabeleceu na terra. Neste processo, portanto, buscamos desenvolver estratégias para responderem aos questionamentos mais profundos da mente, do espírito e da consciência que tudo percebe e analisa. Assim, vamos de encontro a tudo quanto se apresenta como fonte e autoridade de um conhecimento maior e muito bem vindo em nossas vidas. Seja esse conhecimento nascido da religião, da filosofia ou da ciência. Não importa muito o princípio que me vem, mas sim, a curiosidade de aprender algo tão antigo quanto novo e poder crescer como indivíduo. Portanto, tenho aqui uma consciência em formação que sente sede de expansão.

Acredito que você, por estar lendo este texto, seja do grupo 2 - que sente um forte comichão pelo conhecimento e pela expansão da consciência. Bom, então saiba que seu caminho rumo ao autoconhecimento por excelência será árduo e exigente. O caminho da verdade é um despertar constante. Mas um despertar do que? Do universo "maravilhoso" das ilusões, da mentira, do mal e do falso.


Compreenda que será um caminho sem volta. Uma vez nele não aceitamos mais o retrocesso, o retorno ao sono dos mortos-vivos. Será necessário se desvincular de ideologias, prazeres desenfreados e mundanos, ostentações de desejos e penduricalhos escravagistas da alma. Você precisará fazer um único voto para seguir confiante e seguro pelo caminho da verdade e da retidão - o de ser incorruptível. Você deverá ser um devoto fiel da ética, dos valores da alma, dos estudos e prática do autoconhecimento, da vida intelectual que é também espiritual, da existência natural e apartada do falso, do mentiroso e vil se deseja acessar a alta cultura e viver sob a luz da realidade.


Então eu acredito que não seja tão importante ou necessário, pelo menos neste momento, quebrar a cabeça para saber onde está a consciência, mas sim, onde eu estou em relação a consciência. Isto é, que nível de civilidade, compreensão e entendimento tenho sobre a vida, aqui e agora. A consciência se manifesta exatamente nisso. Ela é uma ação praticada sempre no presente. Por exemplo, quando tomamos consciência sobre coisas que ocorreram em nosso passado e que nos deixaram profundamente derrotados e que, agora, temos uma visão mais ampla, eclética e panorâmica sobre o episódio, no sentido de termos uma clareza do cenário vivido mas que antes não era possível, essa tomada de consciência só foi possível pelo resultado dos inúmeros processos de maturidade que fomos sofrendo ao longo da experiência da vida. Essa experiência, vivência, produziu o que chamamos de sabedoria. E sabedoria é sempre o resultado dos tipos de conhecimento que adquirimos pela consciência que desenvolvemos. Portanto, a consciência adequada, hoje, sobre fatos passados tendem a trazer conforto em nossas memórias e muitas vezes a resolver questões que outrora não eram possíveis de fechar.


A consciência, portanto, é o somatório, o resultado de inúmeras variáveis de exposição à vida. De acúmulo de conhecimentos derivados de uma infinidade de informações que fomos recebendo e filtrando ao longo da vida. É a prática de tantos aprendizados possíveis que recebemos. De erros e acertos no processo de maturação do intelecto, da mente e do espírito. Da capacidade de aprender o verdadeiro, o correto e valoroso pela exposição à realidade, tal como ela é. De rechaçar o falso, o manipulador, o sombrio. A consciência é fruto dos processos de aprendizados que absorvemos pelos órgãos de percepção. Ou seja, tudo o que assimilamos do mundo só foi possível graças aos poderes sensoriais que temos. Para aprender e transformar esse aprendizado e conhecimento em consciência foi e continua sendo preciso captar os ensinamentos da realidade pela audição, pelo olfato, paladar, pela visão e pelo tato. Os cinco sentidos são os portais da consciência humana. E mesmo que haja limitações em um ou mais sentidos, os outros órgãos de percepção compensam a falta exacerbando os demais. Por isso é tão importante selecionar com critério quais estímulos sensoriais consumimos para alimentar a nossa consciência. Nos tornamos, seguramente, aquilo que nossos sentidos se conectam com uma certa constância. Esses estímulos, informações do mundo externo à nossa vida interior, alimentam nossos pensamentos, palavras e ações moldando a nossa consciência. A adaptabilidade e "morfologia" da psique é, portanto, um efeito natural desse processo.


A formação da consciência responde diretamente a presença da realidade. Então quanto mais realidade temos - no sentido de estar direta e conscientemente exposto a ela, mais consciência adquirimos. A falta da presença da realidade na visão do observador tende a produzir uma falsa consciência sobre as coisas. Isto é, não há consciência no mundo das ilusões. Mas há consciência quando percebemos essas ilusões como inimigas da realidade. Então é correto afirmar que a consciência só se manifesta pela ação da realidade ou da verdade. Já a falta da realidade ou da verdade só tendem a produzirem ilusões, alimentadas por mentiras, falsidades e erros. Afinal o falso não pode se sustentar em nada que não seja real. Pois a consciência plena é, em última análise, o reflexo da própria realidade.


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Referências:

  • Patáñjali, século II/III a.C., Yogasutras

  • J. Flausino, Editora Appris, Yoga Sem Mistérios;

  • J. Flausino, Editora Rigel, A Lei da Espada;

  • Do curso: A Arte da Super Consciência

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